terça-feira, 29 de julho de 2014

Vejam isto!

Aqui, a partir do minuto 29, e depois digam lá se não conhecem esta personagem de algum lado!

:)

sexta-feira, 25 de julho de 2014

A miséria não tira férias

Estamos, eu e os meus pais, de férias, como é nosso hábito nesta altura. Não somos pessoas de grandes luxos, e a nossa carteira também não nos permite tal coisa, mas, apesar de todas as contrariedades da vida, temos tentado, todos os anos, vir passar uns dias fora. Faz-nos falta o calor e os dias longos de praia, coisa que, onde moramos, acontece meia dúzia de vezes durante o Verão. Viver no Norte tem destas coisas.

Um dia destes fomos dar um passeio à noite, visitar o centro da cidade, ver a animação nocturna e o regabofe típico das noites quentes e abafadas. O povo todo na rua, os cafés que se estendem até ao mar, artistas de rua cantando um flamengo, meninas em trajes menores que nos tentam persuadir a ir até determinado bar, são coisas comuns que aqui se veem, e é impossível não gostar disto, deste descanso, desta despreocupação que baixa em nós durante as férias.

Enquanto passeávamos não pude, porém, deixar de reparar num homem sentado no chão encolhido, alheio à confusão à sua volta, com um pedaço de cartão arrancado de uma caixa de pizza gordurenta que alguém deitou fora e que dizia “Não tenho trabalho”. Que murro no estômago. Tudo à nossa volta em festa, e o homem, envergonhadíssimo, com um cartão e um copo a pedir esmola.

A minha vontade era de abrir a carteira e dar-lhe todo o dinheiro que tinha que, não sendo muito, certamente era mais do que ele via há muito tempo e dizer-lhe que vai tudo correr bem, que às boas pessoas a sorte não tarda em chegar. Saber que ele é boa pessoa é apenas um daqueles muitos instintos que o ser humano tem. Dei-lhe todas as moedas que tinha e recebi de volta o maior sorriso de gratidão e um “obrigado” sincero como há muito não ouvia. É tão simples fazer alguém (um pouco mais) feliz.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Revolução

Já há alguns tempos para cá que tenho notado em mim uma decrescente vontade de dissertar neste blogue sobre os assuntos que o originaram, isto é, os relacionados com a Medicina e a minha vida como estudante deslocada, e uma vontade que se comporta de forma inversa, entenda-se aumenta, de falar mais sobre as coisas do dia-a-dia, aquelas coisas mundanas pelas quais todos passamos e sobre as quais me apetece escrever aqui. Não quero com isto dizer, como é obvio, que a vontade de vos falar da minha vida de estudante desapareceu, tal não aconteceu, mas a verdade é que ultimamente me tenho visto em situações mais comuns dignas de serem registadas por escrito e partilhadas com os meus queridos leitores. Falar sobre livros, sobre as férias, enfim, sobre aquelas coisas que a maioria dos blogues já fala, parece algo imprudente para quem, como eu, criou um blogue com um tema definido, que era o de falar sobre Medicina. Contudo, sinto que ultimamente me tenho repetido e, além do mais, começam a escassear os assuntos interessantes e divertidos durante a época de férias. Certamente em Setembro terei muitos e divertidos novos assuntos sobre os quais falar, mas por agora, e perdoem a repetição, escasseiam.

Posto isto, quero apenas informar-vos de que vou aumentar os espectro de assuntos abordados por aqui, esperando que gostem e que continuem a fazer parte deste meu pequeno mundo.

A revolução ideológica começa agora, a visual virá mais tarde.

sábado, 19 de julho de 2014

O 3º ano

O 2º ano mal acabou e eu só me consigo concentrar no terceiro que aí vem. Defeito meu, que sofro por antecipação, que me preocupo com as coisas que só vão acontecer daqui a muito tempo.

O terceiro ano é assustador. Desde que cheguei a esta faculdade que não houve um único dia em que não tenha ouvido discursos do género:

"Espera até chegares ao terceiro ano";
"O terceiro ano é que é f*dido";
"Se te preocupas assim agora, quando chegares ao terceiro atiras-te da ponte";
"Quanto tiveres que estudar os fármacos todos vais ficar tola";

Queria conseguir desligar, com a certeza de que, se outros já o fizeram antes, também eu sou capaz. Afinal, eu já concluí, com sucesso, dois anos do curso de Medicina. Caramba, isso deve querer dizer que, afinal, não sou assim tão burra quanto penso.

Mas depois olho para as estatísticas e verifico que 1/4 do actual terceiro ano chumbou. Bons alunos, alguns até, provavelmente, melhores que eu, que enfrentaram o monstro e não venceram, foram comidos vivos pelas negativas, pelas reprovações, pela vergonha que é ter que assumir "Eu chumbei". E sinto-me pequenina, ansiosa, assustada, sem vontade de enfrentar o que aí vem e ficar de férias para sempre.

Que medo que tenho.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Sobre o Verão

Quando acabam as aulas e começam as férias, eu fico com uma sensação de vazio dentro de mim, como se a minha existência deixasse de fazer sentido. O ritmo que nos é imposto desde Setembro, os testes e sessões de estudo em catadupa, as horas intermináveis sentadas à frente da secretaria e toda a correria e stress dão lugar à paz, ao descanso, ao não ter que fazer viagens semanais, ao ócio, e que bem que isto sabe.

Este ano, contudo, ao contrário do ano passado, decidi que as coisas iam ser diferentes. No ano passado passei o verão inteiro a ressacar do estudo e a descansar o máximo que podia mas, chegada a Setembro, concluí, com muita tristeza, que não fiz nada do que me tinha proposto fazer durante o verão. Queria ter lido mais, visto mais filmes, passeado mais, feito exercício, mas acabei por passar o verão com o rabo alapado na areia ou no sofá, a vegetar e desculpando-me com o facto de que "este ano estudei muito, agora preciso de descansar".

Este ano vai ser diferente. Por isso não tenho actualizado muito isto aqui. Conto com apenas uma semana de férias, mas neste pouco tempo aproveitei para fazer exercício todos os dias, visitei restaurantes na baixa que estavam na lista, fui ao cinema, passei um dia fora da cidade, fui a praia quase todas as manhãs e iniciei a leitura de um livro de Saramago. Pelo caminho voltei desgraçadamente ao meu vício de teenager, jogar Sims (eu sei, vergonha, mas eu tenho um problema), e tenho ficado até às tantas colada ao computador. Não devo, bem sei, até porque já começo a sentir o efeito de ir dormir tarde e acordar cedo para ir à praia. Vou tentar não abusar tanto esta semana.

Cheira-me que este vai ser um verão em grande. Para já, estou entusiasmada. A ver se assim se mantém.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Balanço do segundo ano

Tal como fiz o ano passado, com o término do segundo ano chega a altura de fazer o balanço do mesmo. Fiquem então com o resumo daquele que foi, até agora, o ano mais cansativo da minha vida.

Segundo ano de Medicina: Concluído;

Cadeiras deixadas para trás: nenhuma (não sei se já vos disse, mas deixar uma cadeira para trás nesta faculdade significa chumbar de ano e ficar um ano inteiro a fazer a cadeira que falta);

Cadeira preferida: Bloco de Cardio-Respiratório;

Cadeira preterida: Bloco de Aparelho Digestivo (ainda detestei mais do que Nervoso no ano passado, imaginem lá);

Horas desperdiçadas: Não muitas, infelizmente este ano não tive muito tempo para procrastinar, coisa que adoro;

Horas passadas a estudar: Demasiadas. A má organização do ano implicou estudo no dia de Natal, dia de ano novo, Páscoa, etc. Acho, sinceramente, que não houve um único dia em que não pensasse nos livros, para minha tristeza;

Professor/a preferido/a: O Cavaco (pasmem-se! Mas acabei por desenvolver um certo afecto pelo senhor);

Professor/a preterido/a: Isabel Neto... (Nunca vos falei dela mas a mulher é simplesmente desprezível);

Professor/a mais giro/a: Nenhum. Constata-se que este ponto continua igual ao do ano passado. Cheira-me que continuará assim até ao final do curso, com grande pena minha;

Professor/a mais feio/a: Todos? Esta faculdade não prima, definitivamente, pela beleza dos seus docentes.

Este ano foi, como já disse várias vezes, cansativo, exaustivo, e por vezes emocionalmente complicado. Apesar de já andar nestas andanças há dois anos, por vezes uma pessoa vai abaixo, só quer ficar em casa e deixar de fazer estas viagens de 270km todas as semanas. Esta vida itinerante não é fácil, mas gosto de pensar que já só faltam 4 anos e que o pior já passou.

Aguarda-me o terceiro ano, aquele que todos temem, o ano da morte, dos reprovanços em massa, das quedas de notas a pique, do "salve-se quem puder".

Por agora vou aproveitar as férias, descansar, e em Setembro logo se pensa nisso.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Coisas que gosto... #6

Eu sou uma pessoa que adora comer. A minha vida é vivida em função da minha próxima refeição e eu até acho que sou um bom garfo. Como de quase tudo, só não gosto de tripas, iscas de fígado e kiwis. Não sou picuinhas, portanto, e tudo o que vem à rede, neste caso ao prato, é peixe. Tragam-me uma feijoada, uma francesinha ou uma posta de bacalhau com todos, comigo vai tudo.

Gosto especialmente de fruta. Tenho vindo a melhorar os meus hábitos de ingerir fruta todos os dias, e agora não há um dia que passe em que eu não coma, pelo menos, duas ou três peças de fruta. Excepto kiwis, coisa que detesto.

O que é que a fruta tem a ver com a Covilhã? Não muito. Tem mais a ver com o Fundão, em especial com as CEREJAS. E senhores, que boas que são as cerejas do Fundão! Gordas, sumarentas, rechonchudas, daquelas que pingam na camisola e a estragam para todo o sempre mas nós não nos importamos, que perdoamos o mal que fez pelo bem que soube. Nesta altura é ver-me a correr feita doida para a frutaria em frente à minha casa e a devorar as cerejas. Mas não só, ele é as cerejas, os figos, que também são bem bons, e tudo o que esteja colorido e reluzente na prateleira.

Descobri há uns tempos uma coisa ainda mais maravilhosa que tem vindo a estragar a minha dieta saudável de fruta. Como se já não bastasse a frutaria vender aquelas maravilhosas cerejas, agora durante o dia decidiram vender pastéis de cerejas quentinhos, acabados de fazer no seu forno. É isso mesmo, de vez em quando, a umas certas horas do dia, lá sai uma fornada de pastéis quentinhos e vermelhinhos a transpirar açúcar. O que eu me tenho desgraçado, na balança e na carteira, que a vida não está fácil e um euro por um pastel acho que até é um valor relativamente elevado. Mas eu perdoo, eles vêm quentinhos e são tão mas tão bons!





quarta-feira, 2 de julho de 2014

A minha vida é uma animação

Como já perceberam, tudo o que eu faço tem sempre alguma contrapartida. É a Lei de Murphy aplicada exclusivamente a mim, o karma da minha vida, não há nada que eu faça ou diga que não seja compensado no mesmo grau, mas negativamente.

Hoje fui fazer o exame, desta vez no dia correcto, à hora correcta. O exame correu bem, obrigada.

Saí do exame, com o tempo nublado, mas um calor tórrido de cortar a respiração, e dirigi-me para a subida a pique mais mortífera que conheço.

De repente, senti como se um balde de água gelada tivesse sido despejado sobre mim. Não foi, mas a diferença não foi muita. Às 15h30 em ponto ligaram os aspersores do jardim que existe à entrada da faculdade e eu, que por lá passava, levei um valente banho e ainda ouvi pessoas a rirem-se de mim.

Primeiro: Por que razão os aspersores estavam a regar a rua e não a relva, como é suposto?

Por fim: Quem é que rega a relva a meio da tarde, debaixo de um calor abrasador como o que está hoje? Ainda por cima estando nublado e com umas nuvens escuras a ameaçar chuva???

Sabes que andas a estudar de mais quando... #7

... Tens exame às 14h15 e te levantas às 11h10, pela primeira vez em vários meses. E em vez de ires estudar e fazer revisões vens para o blogue escrever e ver a paisagem pela janela neste lindo dia de chuva. De facto estar de férias e ir fazer exames não combinam.

Medos

Há umas semanas faleceu a avó da minha colega de casa. A minha colega de casa é de longe, os pais estão emigrados, e por isso ela passa, por vezes, meses sem ver a família.

Há umas semanas faleceu a avó da minha colega de casa e ela, naturalmente, ficou devastada, uma miséria, um caco. Isto das mortes é um assunto complicado, especialmente se for alguém que nos é próximo, alguém da nossa família que vive num cantinho do nosso coração.

Eu fui criada com os meus avós maternos. Os meus avós, os maternos, são tudo para mim. Sou neta única e, portanto, sempre fui muito mimada, a princesa dos olhos deles, a alegria do seu viver. Não me achem convencida, isto são eles mesmos que dizem. Estar com os meus avós é sinónimo de felicdade, de sorriso estampado no rosto, de comida boa e quentinha, de mimos infindáveis e alegrias incontáveis, de Natais em família, de Ovos Kinder na Páscoa e de uma nota no meu aniversário.

Por isso custa-me quando venho embora todas as semanas. Eles não caminham para novos e são várias as doenças de que padecem, apesar de ainda serem relativamente novos para terem uma neta de 21 anos. Mas mesmo assim, tenho medo. Tenho sempre medo, muito medo, todos os dias medo.

A vida dá muitas voltas, num segundo está tudo bem, no outro o nosso mundo desmorona e tudo dá para o torto. Falo por experiência, uma dia conto-vos sobre isso.

Por isso, e repito, tenho medo. Tenho sempre medo de vir embora e ser a última vez que os vejo, que lhes toco, que lhes dou um beijo e digo "até sexta", porque pode não ser. A vida muda num instante, e eu tenho bem noção disso.

Vivo com este pânico que só eu compreendo e por vezes me decide assolar à noite, quando estou sozinha. A nossa mente é tramada, põe-nos a pensar naquilo que não devemos a horas indecentes. E isto não se aplica só aos meus avós. Aplica-se a todos, especialmente a eles e à minha mãe, que também tem uma saúde frágil e já me pregou o maior susto da minha vida.

Esta luta interior por vezes cansa. O querer saber que está sempre tudo bem não mata, mas vai esfolando aos pouquinhos e consumindo lentamente.

Até que chega o dia de voltar e temos mais uns dias de repouso desta loucura que é a vida longe da família.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Só eu poderia fazer uma coisa destas

Pois bem que o ano terminou para quase toda a gente menos para mim e mais meia dúzia de gatos pingados que resolveram que o tempo de férias era demasiado e, portanto, vamos ficar mais duas semanas no monte a fazer melhorias. Excluem-se aqui, como é óbvio, os reprovados, que não têm outra opção senão ficar e estudar (rezar) muito.

Então dizia eu que decidi fazer melhorias. Já não me chegava o ano que tive (ainda não tive aqui tempo de fazer o balanço mas garanto que foi pesado), ainda decidi prolongar o meu sofrimento por mais uns dias e levar a minha mente à exaustão. Na verdade, é nestas alturas que percebemos a força de vontade que conseguimos ter e a capacidade de ultrapassar um pouco mais os nossos limites, no meu caso, os psicológicos.

Mas é claro que todo este esforço não poderia vir sem consequências nefastas.

Hoje de manhã, às 8h, lá estava eu na estação da Batalha para apanhar o expresso 74 com destino à Covilhã. 3h50 de viagem passadas a estudar para o exame de Sociologia que, achava eu, era hoje as 14h15.

Cheguei por volta do meio-dia, engoli o almoço para dar umas últimas revisões e às 14h dirigi-me para a faculdade. Não sei se já aqui vos disse mas fazemos os nossos exames em computadores portanto, antes de cada exame, afixam umas folhas com os nossos nomes e respectivo computador.

Procurei, procurei, procurei e nada de ver o meu nome em folha nenhuma. Rapidamente me apercebi que as folhas expostas eram para o exame de Cuidados de Saúde Primários e que, uma vez que eu não ia fazer exame, era lógico que o meu nome lá não estivesse. Resolvi perguntar aos meus colegas se tinham visto a folha de Sociologia e se estava noutra sala. Olharam todos para mim como se eu estivesse maluquinha, que estou, e informaram-me que o exame hoje era de Cuidados e o de Sociologia é AMANHÃ, dia 2, e não hoje, como eu achava que era.

Mas alguém me explica como é que uma pessoa que lê e relê as datas dos exames não dá conta deste erro? Como é que alguém que se inscreve e recebe uma confirmação da data e hora e não se apercebe disto? Só eu, claro, poderia fazer uma coisa destas.

Agora estou de volta a casa, ligeiramente desidratada depois de andar a subir e a descer para a faculdade, sem vontade de estudar, e a pensar que poderia estar em casa e só vir amanhã de manhã.

De facto, a estupidez humana não tem limites.